UM VELHOTE ASTUTO - Conto de Anton Tchekhov
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UM VELHOTE ASTUTO Anton Tchekhov (1860 - 1904) Há alguns dias, fomos aos funerais da jovem mulher do velho carteiro Sladkopertsev . Havendo sepultado a beldade falecida, dirigimo-nos, seguindo o costume de nossos pais e avós, ao posto dos correios para celebrar o banquete dos defuntos. Servidas as panquecas, o viúvo começou a chorar amargamente, dizendo: ― Estas panquecas têm o mesmo tom corado das faces daquela a quem enterramos. Iguaizinhas! ― Sim ― concordaram os circunstantes ― Ela era realmente linda... Uma mulher de primeira linha! ― Sim... Todos se admiravam quando a viam... Mas Deus sabe que eu não a amava por sua beleza, nem pela delicadeza de seu caráter. Estas duas qualidades são inerentes ao gênero feminino e são frequentemente encontradas neste mundo. Eu a amava por outra virtude d'alma. Explico: amava a minha falecida esposa ― que Deus a tenha em sua glória ― porque, apesar da vivacidade e jovialidade de seu espírito, era fiel a seu marido. Ela