A ACHA - Conto de Guy de Maupassant
A ACHA Guy de Maupassant Era um pequeno salão, todo forrado de reposteiros espessos e discretamente perfumado. Um fogo vivo flamejava numa grande lareira, a cujo canto uma só lâmpada derramava uma luz branda, suavizada por um abajur de renda antiga, sobre duas pessoas que conversavam. Ela, a dona da casa, uma velhota de cabelos brancos, era uma dessas velhas adoráveis, de pele sem rugas, fina como papel de seda, e perfumada, toda impregnada de perfumes, penetrada até à carne das essências finas, uma dessas velhas que exalavam, quando se lhes beija a mão, o mesmo odor suave que nos salta ao olfato quando abrimos uma caixa de pó de íris florentino. Ele era um velho amigo que ficara solteiro, um amigo de todas as semanas, um companheiro na viagem da existência. Só isso, aliás. Haviam parado de conversar fazia um minuto, pouco mais ou menos, e ambos olhavam o fogo, sonhando qualquer coisa vaga, num desses silêncios amigos da gente que não sente a necessidade de estar sempre faland