O LOUCO AVISADO - Narrativa Clássica Humorística - Gonzalo Correas Íñigo
O LOUCO AVISADO Gonzalo Correas Íñigo (1571 – 1631) Tradução de Paulo Soriano Em Chinchilla, localidade perto de Cuenca, havia um louco que, persuadido pelos folgazões, levava um cacete sob o traje. Quando chegava um forasteiro, achegava-se a ele dissimuladamente, perguntando-lhe de onde era e a que vinha. Dava-lhe, então, três ou quatro bordoadas, com o que os outros se riam, e depois apaziguava-os com a escusa de que era louco. Um homem de La Mancha chegou a Chinchilla e, na estalagem, teve notícia do que fazia aquele louco. Então, prevenindo-se com um porrete, acomodado sob a capa, foi à praça, disposto a realizar o que tinha de fazer. Chegando o louco, o homem de La Mancha avançou sobre ele e lhe deu uma boa sova, com o que o fez fugir, a gritar: — Cuidado, pessoal, que há outro louco em Chinchilla!