AS NAMORADAS DO VISCONDE - Conto Humorístico de Gervásio Lobato
AS NAMORADAS DO VISCONDE Gervásio Lobato (1850 – 1895) Os criados do Hotel Bragança andavam já intrigados e massados com tantas cartas. Todo o santo dia era o correio à porta com cartas para o senhor Visconde. O conselheiro, homem grave, sisudo, respeitável, casado com uma mulher encantadora, era primo do visconde e como ele estava aqui de passagem, um mês se tanto, nos dias em que o visconde não jantava em sua casa, vinha acompanhá-lo a jantar no hotel. Ao jantar, ao almoço, a toda a hora, o conselheiro fazia-lhe as honras da terra com uma amabilidade implacável. Mas o que o desapontava muito, o que o desgostava imenso era que, de vez em quando, o visconde fugia-lhe das mãos como uma enguia. Tinha que fazer, dizia que precisava estar a tantas horas num sítio. E ele aí ia, deixando o conselheiro todo desconsolado e pesaroso. Que demônio teria o visconde que fazer em tantos sítios? De mais a mais, já não era criança. Tinha passado os cinquenta, era feio, pintado, retinto: