OLENKA - Conto de Anton Tchekhov
OLENKA Anton Tchekhov (1860 – 1904) Olenka, filha de Plemyanikov, assistente de colégio aposentado, estava sentada na escada dos fundos de sua casa sem fazer nada. O dia era quente, as moscas zuniam em volta dela, e era agradável pensar que a noite estava próxima. Nuvens escuras de chuva amontoavam-se a leste do céu, trazendo, de vez em quando, um hálito de umidade. Kukin, que morava na ala da mesma casa, estava em pé no meio do pátio, olhando para o céu. Era gerente do Tivoli, um teatro ao ar livre. — Outra vez! — exclamou em desespero. — Chuva outra vez! Chuva, chuva, chuva! Chuva todos os dias! Parece uma praga contra mim! Creio que seria melhor eu meter a cabeça num laço de corda e acabar com a vida de uma vez. Isto está me arruinando. Perdas enormes todos os dias. Juntou as mãos num gesto dramático e continuou, dirigindo-se a Olenka: — Que Vida, Olenka Semyonovna! É para fazer um homem chorar. Um homem trabalha, faz o melhor que pode, tortura-se, passa noites e