LAMPIÃO - Crônica Humorística - Luiz Raimundo
LAMPIÃO Luiz Raimundo Aquela manhã de terça, 6 de abril de 1937, ficaria para sempre na lembrança dos moradores de minha terra natal, Jequeri, até o fim dos tempos. Zequinha dos Correios, nas primeiras horas do dia, vinha em desabalada correria pelas ruas da cidade, com destino à sede da prefeitura. Entrou na sala do Dr. Arthur Damásio, com os cabelos em riste, parecendo um “luís-cacheiro” (*), os olhos mais esbugalhados que os de um macaco-esquilo, brandindo um telegrama, sem conseguir falar nada. O Prefeito, que também era médico – estimadíssimo na cidade – mandou que se sentasse e trouxe-lhe um copo d´água com açúcar. Assim que ele se acalmou, o alcaide tomou-lhe das mãos o telegrama, e o que leu fez com que arregalasse também os olhos e se deixou cair como uma jaca desprendida do galho em sua cadeira de trabalho. O telegrama dava a seguinte informação: “Lampião chegará essa cidade vg amanhan vg pelas cinco da tarde pt.” Do telegrama não constavam destinatário nem remetente. Im