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O VERME - Conto - Abel Juruá

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 O VERME Abel Juruá (Iracema Guimarães Vilella) (1875 – 1941) “Meu caro Pedro Há oito dias que recebi a tua carta e só hoje me decido a responder-te. Nesta, encontrarás as notícias sensacionais por que tanto almejas. Vais pasmar assim como eu pasmei, e considerarás de ti para ti que enlouqueci decerto. Nada disso me melindrará, pois tudo quanto de mim pensares estará sempre aquém do que eu próprio imagino. Nestes últimos meses, houve como que um tufão que estalou dentro do meu ser, me sacudiu e fez apagar a alegria e o bom senso. Com a tua boa e sincera amizade, poderás talvez suavizar a amargura que me comprime, tornando-me impaciente e contraditório. A minha vida, desde que te deixei, encheu-se de aborrecimentos e de melancolias. A primeira coisa a transtorná-la foi ter ficado noivo, meu amigo, estupidamente e absurdamente noivo! Ei-lo de um trago, assim como quem pega num copo a transbordar de licor belíssimo aos olhos e ao paladar, e o esvazia rapidamente, sem refletir se...