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A VINGANÇA DO PINTOR - Conto Humorístico - Autor anônimo do séc. XIX

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A VINGANÇA DO PINTOR Autor anônimo do séc. XIX Tradução de autor anônimo do séc. XIX Há cerca de trinta anos, vivia em Bruxelas o pintor belga Antoine Wiertz 1 , que conquistara grande renome pela originalidade e perfeição dos seus trabalhos; e estava em moda o fazer-se retratar por ele. Esta graça, porém, não a concedia o pintor a qualquer, senão àqueles tão somente cujas fisionomias pendiam mais para o esquisito e ridículo do que para o belo. Levado pelo desejo de se fazer imortalizar pelo pincel do artista, foi procurá-lo um dia o mestre Van Spach, tabelião de notas da cidade. Lia-se no rosto enrugado do notário a expressão da astúcia e certo ar de filáucia. Era um dos homens mais ricos de Bruxelas, e tanto tinha de rico como de avarento, o que lhe mereceu a alcunha de mestre Harpagão 2 . Conhecia-lhe o pintor o lado fraco; entretanto, sem hesitar, acedeu ao seu pedido. É que a cabeça do velho tabelião, logo à primeira vista, o havia impressionado. A calva, a testa enrugada, as ...

O VERME - Conto - Abel Juruá

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 O VERME Abel Juruá (Iracema Guimarães Vilella) (1875 – 1941) “Meu caro Pedro Há oito dias que recebi a tua carta e só hoje me decido a responder-te. Nesta, encontrarás as notícias sensacionais por que tanto almejas. Vais pasmar assim como eu pasmei, e considerarás de ti para ti que enlouqueci decerto. Nada disso me melindrará, pois tudo quanto de mim pensares estará sempre aquém do que eu próprio imagino. Nestes últimos meses, houve como que um tufão que estalou dentro do meu ser, me sacudiu e fez apagar a alegria e o bom senso. Com a tua boa e sincera amizade, poderás talvez suavizar a amargura que me comprime, tornando-me impaciente e contraditório. A minha vida, desde que te deixei, encheu-se de aborrecimentos e de melancolias. A primeira coisa a transtorná-la foi ter ficado noivo, meu amigo, estupidamente e absurdamente noivo! Ei-lo de um trago, assim como quem pega num copo a transbordar de licor belíssimo aos olhos e ao paladar, e o esvazia rapidamente, sem refletir se...

UMA HERANÇA FATAL - Conto - Wilkie Collins

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UMA HERANÇA FATAL Wilkie Collins 1824 – 1889 Tradução de autor anônimo do séc. XIX Faz pouco mais do três meses, Alicia, que, em formosa manhã, passeavas com teu irmão pelo Hyde Park. Era dia de calor e tu e ele deixáveis os cavalos irem a passo; momentos depois, passáveis junto à grade do lado direito, cerca do extremo do leste do lago do jardim, sem notar uma humilde mulher que passeava só e tranquilamente pela calçada, observando os cavaleiros que por ali transitavam. Aquela mulher fora a minha aia, Nancy Connell. Logo que lentamente passaste junto dela, teu irmão deixou-lhe ouvir estas palavras a ti dirigidas: — Será realmente certo que Mary Brading e seu marido tivessem partido para a América? Tu te riste—como se a pergunta te divertisse muito—e respondeste: —É a pura verdade. Partiram. —Que tempo ficarão ausentes? — perguntou de novo teu irmão. —Toda a vida, provavelmente — disseste tu, rindo-te outra vez. Já tu e teu irmão vos tínheis adiantado de Clara, quando esta...