O REI SÁBIO - Khalil Gibran Khalil



Khalil Gibran Khalil
(1883 – 1931).
Tradução de Paulo Soriano

Era uma vez, na longínqua cidade de Wirani, um rei que governava os seus súditos com poder e sabedoria. O povo o temia por seu poder e o amava por sua sabedoria.

No coração daquela cidade, havia um poço de água fresca e cristalina. Dela bebiam todos os seus habitantes e até mesmo o rei e os seus cortesãos, pois era o único da localidade.

Certa noite, quando todos dormiam, uma bruxa entrou na cidade e derramou sete gotas de um misterioso líquido no poço, dizendo:

— A partir de agora, quem beber desta água ficará louco.

Na manhã seguinte, todos os habitantes do reino, salvo o rei e o seu lorde camareiro, beberam do poço e enlouqueceram, tal como a bruxa havia predito.

E, naquele dia, nas ruas estreitas e nas praças do mercado, as pessoas não paravam de sussurrar entre si:

— O rei está louco! Nosso rei e o lorde camareiro perderam a razão. Certamente, não podemos ser governados por um rei louco. Devemos destroná-lo.

Naquela noite, o rei mandou que enchessem uma grande taça com a água do poço. E quando a trouxeram, bebeu da água abundantemente e entregou a copa ao lorde camareiro, para que do líquido também bebesse.

E houve um grande regozijo na longínqua cidade de Wirani, porque o seu rei e o lorde camareiro haviam recobrado a razão.

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