IRMÃ TERESA - Conto de Humberto de Campos
IRMÃ
TERESA
(Sobre
um Conto de Lafontaine)
Humberto
de Campos
(1886
– 1934)
O
Convento da Graça, erguido naquele outeiro florido, servia principalmente para
abrigar mocinhas que, desde criança, haviam mostrado vocação para a vida
religiosa. Era, por isso, um jardim de açucenas, um recanto de pureza, um ninho
de candura, em que não penetrara, jamais, a ideia do pecado. E foi quando lhe
foi bater à porta, o rosto pálido, os olhos macerados, aquela maravilhosa
figura de mulher, confessando à superiora a sua situação:
— Eu fui, madre, uma grande pecadora. A minha
mocidade foi consumida toda no prazer e no pecado. Agora, porém, reconheci o
meu erro, e quero tornar, definitivamente, ao caminho da perfeição, através da
penitência!
Comovida por tanta sinceridade, a madre
superiora abriu-lhe os braços e a porta do casarão votado a Deus, e nunca se
viu, no convento, noviça, ou freira, que mais se aprofundasse na oração. Dia e
noite, passava-os irmã Teresa de joelhos, com o rosto mergulhado no breviário;
e de tal modo que a superiora, edificada com tamanha santidade, apontou-a, um
dia, como exemplo, às meninas:
— Mirai-vos naquele espelho, minhas filhas;
evitai o mundo, e vivei na meditação, como irmã Teresa! Imitai-a, minhas
filhas!
—
Ah, madre, isso é impossível! — retrucaram, logo, duas ou três noviças. — Nós
só poderemos chegar àquela perfeição, depois.
E de olhos baixos, as mãos cruzadas no peito:
— Nós só poderemos ser o que ela é, madre,
depois de termos sido o que ela foi...
Irmã Teresa. Curto e muito bom. Gosto de como ele termina.
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