O TALHER ENCANTADO - Conto Breve - Anônimo do séc. XIX
O TALHER
ENCANTADO
Anônimo do séc. XIX
Era
costume, entre as famílias ricas estrangeiras, receber à sua mesa, em certos
dias do ano, correligionários pobres.
Um
banqueiro dava um jantar nestas condições, achando-se à mesa dois compatriotas pobres.
Um destes, que vigiava o seu camarada, viu que ele acabava de esconder em uma
das botas um talher de prata de alto valor. Isto prejudicava-o bastante, porque
ele tivera precisamente a ideia de fazer o mesmo com o seu.
No
momento em que se iam levantar na mesa, toma a palavra:
—
Meus senhores — diz ele, dirigindo-se aos donos da casa —, permitiam-me, em
sinal de reconhecimento, que faça uma pequena sorte de escamoteação que
divertirá muito esta bela sociedade.
— Muito bem! — disseram os convivas.
—
Veem este talher de prata? Bem. Eu coloco-o nas minhas botas. Viram bem, não?
—
Sim!
—Pois
bem! Schoumli! Schoumlá? Passa! Passou.
E
fez com o braço um gesto rápido.
—O
talher passou para as botas daquele senhor! Verifiquem.
Os
convivas precipitaram-se e acharam o outro talher nas botas do camarada. Depois
de muitos aplausos, o artista saúda e... escapa-se.
Fonte: “A
Estação – Suplemento Literário”/RJ, edição de 31 de maio de 1899.
Fizeram-se breves adaptações textuais.
Comentários
Postar um comentário