O LOUCO - Conto - Juan Manuel de Castela
O LOUCO
Juan Manuel de Castela
(1282 – 1348)
Tradução de Paulo Soriano
Um bom homem tinha uma casa de banhos com uma excelente piscina.
Sucede que, na mesma cidade, havia um louco que ia à piscina todos os dias e, quando as pessoas se banhavam, cuidava ele de espancá-las com pedras e paus, obrigando-as a fugir apavoradas.
A notícia se espalhou por toda a cidade e chegou um momento em que ninguém se atrevia a frequentar o balneário. Assim, o proprietário via fugir a sua renda.
Vendo que as coisas iam mal, e que não havia sinal de melhora, o proprietário se viu disposto a remediar a situação.
Um dia, ele se levantou bem cedo e, tomando uma maça e um balde d’água fervente, dispôs-se a aguardar a chegada do louco.
Logo o doido chegou, como fazia todas as manhãs, e queria bater nos banhistas, como lhe era de costume. Mas o dono, assim que o viu entrar, seguiu até ele sem a menor hesitação, lançou-lhe o conteúdo do balde de água fervente na cabeça e, empunhando a maça, pôs-se a espancá-lo com tanta fúria que o doido pensou que a sua hora havia chegado.
No entanto, não ficou para receber mais sova: pôs-se a correr a toda força, gritando descontroladamente e queixando-se aos gritos.
Os que o encontraram na rua mostraram-se surpresos e lhe perguntaram o motivo de sua estranha conduta.
O louco respondeu:
— Cuidado, meus amigos, há outro louco na casa de banhos!
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