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Mostrando postagens de abril, 2021

CRESO E CUPIDO - Conto - O. Henry

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  CRESO E CUPIDO O. Henry (1862 – 1910)   O velho Anthony Rockwall, fabricante aposentado e proprietário do sabão "Eureka de Rockwall", olhou pela janela da biblioteca de sua mansão na Quinta Avenida e fez uma careta. Seu vizinho da direita, o aristocrático G. Van Schuylight Suffolk-Jones, saiu de casa para tomar o carro que o esperava, enrugando o nariz, como sempre, quando, ao passar, observava o baixo relevo da renascença italiana que adorna a frente da casa de Rockwall. — Vai-te para o diabo, velho preguiço! — comentou o ex-Rei do Sabão. — Irás parar no museu de antiguidades, se te descuidas. No próximo verão, pintarei a casa de vermelho, branco e azul, e veremos se teu nariz de holandês pode levantar-se ainda mais alto. E Anthony Rockwall, que desdenhava as campainhas, foi até a porta da biblioteca e gritou: "Mike!" com o mesmo tom com que antes afugentava o gado nos prados de Kansas. — Diga a meu filho — disse Anthony ao criado que apareceu — que...

A JOIA ROUBADA - Conto - Anton Tchekhov

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  A JOIA ROUBADA Anton Tchekhov (1860 – 1904)   Machenka Pavlezkaya, jovem recém-sa­ída do pensionato, de volta do passeio, entra na casa de Cuchin, onde serve como governanta. O porteiro Mikail, que lhe abre a porta, está agi­tado e vermelho como um caranguejo.  “De cima vem um barulho esquisito. A patroa, com certeza, teve um ataque...”, pensa Machenka. “Ou então brigou com o marido.” Na antessala e no corredor, cruza as com mocinhas da casa, uma das quais chora. Aproximando-se de seu quarto, vê o dono, Nicolai Serguievitch, que dele sai a toda pressa. Não é um homem velho, mas tem a cara enrugada e ostenta uma vasta calva. Seu corpo estremece... Passa levantando os braços, e ex­clama, sem perceber a presença da governanta: — Que horror! Que falta de delicadeza! Tolice! Abominável! Machenka entra em seu quarto e, pela pri­meira vez na vida, experimenta o vivo senti­mento que sofrem constantemente as pessoas condenadas a depender de gente rica.  Ef...

A VINGANÇA DE MICHELANGELO - Narrativa Histórica - Anônimo do séc. XIX

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  A VINGANÇA DE MICHELANGELO Anônimo do séc. XIX   Enquanto Michelangelo pintava o seu sublime quadro do Juízo Final na capela Sistina, o papa Paulo II foi um dia visitá-lo. O séquito do pontífice era numeroso, e muitos daqueles que o compunham eram incapazes de compreender e apreciar a obra de gênio do grande pintor. Entre estes achava-se o mestre de cerimônias do sacro palácio, cardeal de Cesena. O papa perguntou-lhe o que pensava desta pintura; e como um cardeal não é de direito homem de gosto e bom juiz em matéria de artes, o senhor de Cesena respondeu prontamente que uma tal pintura seria própria, quando muito, para ornar a sala de uma hospedaria, mas não uma igreja. Os artistas amam muito pouco a crítica, e nem sempre desgostam da vingança. A de Michelangelo não se demorou muito tempo. O cardeal teve um lugar no quadro no meio dos condenados: uma grande serpente o cinge e lhe devora o pênis; a sua cabeça está enfeitada com um par de orelhas de burro, sem dúvida...