O OLHO DE VIDRO - Conto - Oscar Wilde
O OLHO DE VIDRO Oscar Wilde Certo ricaço, vítima de um ligeiro acidente de caça, ficou caolho. Mandou fazer um olho de vidro especial, um olho admirável e perfeito, em todo sentido digno de sua fortuna. O cristal mais puro e o esmalte mais fino faziam dele uma pequena obra de arte. Na água verde de sua pupila cintilavam chispas de ouro e a íris parecia profunda, viva e real. O caolho experimentou-o diante do espelho e se sentiu tão satisfeito que quase se apaixonou por si mesmo. Quis consultar seu melhor amigo: —E então, perguntou-lhe, que achas de meu olho de vidro? O amigo respondeu sem entusiasmo: —É indiscutivelmente o melhor que se pode fabricar. — Como? Não te sentes maravilhado? Não achas que seja a própria vida? Quanto a mim, estou tão surpreendido que mal posso distinguir o falso do verdadeiro. Olha bem, olha bem e dize-me se vês qual é o artificial. —É este, respondeu o amigo sem vacilar. —E como o adivinhaste? —É o mais bonito. —Ah, estás agindo