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CONRTASTES DE MINHA TERRA - Crônica - José Alfredo Padovani

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  CONTRASTES DE MINHA TERRA José Alfredo Padovani   Ponte Nova é uma CIDADE ESPECIAL e cheia de contrastes. Senão vejamos:   - A Casa Botafogo jamais promoveu um queima na vida. - Maestro não sabia uma nota musical. - A Esplanada fica no alto do morro. - Diploma não tinha nem o de Primeira Comunhão. - Antônio Pezinho calçava 45. - José Clara era negro. - Blecaute é um conceituado eletricista. - Sô Júlio Bravo era um cidadão pacato e atencioso. - Dona Santa comandava um centro espírita. - Zezinho das Moças era mais chegado aos rapazes. - Zezé Marcha Lenta era um dos jogadores mais rápido do ataque Macuco. - Júlio Valadares é de Barra Longa. - Conjunto Habitacional Dalvo Bemfeito tem vários problemas estruturais. - Menininha já passou dos sessenta anos. - O Hospital deveria ser de Nossa Senhora da Saúde e não de Nossa Senhora das Dores. - Zé Tenente nunca foi soldado na vida. - Zé Conforto morava numa casa de dois cômodos. - Imaculada Conceição

JANTAR EM SÃO PAULO - Conto - Luiz Raimundo

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  JANTAR EM SÃO PAULO Luiz Raimundo                      Seu Zé Honório era um próspero fazendeiro no município de Carmo do Rio Claro, no Oeste de Minas. Muitas cabeças de gado – tanto de corte como vacas leiteiras. Três filhos o ajudavam na administração da propriedade, e já estava numa idade de não se preocupar muito com os negócios, já que os filhos eram ajuizados e sabiam tocar a fazenda sem nenhum contratempo.                    Sempre foi muito caseiro o Seu Zé – ele e Dona Zelinha, não eram muito de viajar. Ele, de quando em vez, dava um pulinho em Formiga para negociar com Sô Juquita Rezende, ou em Campo Belo, para prosear com seu amigo Luiz Gibran.                    Um dia deu na telha de conhecer São Paulo. Dona Zelinha esconjurou – lá não vou de jeito nenhum. Cidade de muito atropelo, ladrão pra tudo quanto lado. Vou de jeito nenhum. Os filhos, por conta dos afazeres ficavam só adiando a viagem, para fazer companhia ao pai.                    Certo dia, o velho

O AVARENTO E O INVEJOSO - Narrativa Clássica - Flávio Aviano

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O AVARENTO E O INVEJOSO Flávio Aviano (Final do século IV — início do século V)   Do alto dos céus, Júpiter enviou Febo à Terra para inteirar-se da dúbia vontade dos seres humanos. Apareceram, diante de Febo, dois homens cujos espíritos eram bem distintos: um era avarento; o outro, invejoso. — O que quereis pedir-me? — perguntou Febo. — Dizei-me e vos será concedido. E àquele que primeiro pedir, darei em dobro ao segundo. Ao ouvir isto, acreditando que o companheiro demandaria por riquezas, quis o avarento que o invejoso formulasse primeiro o pedido, para que obtivesse o dobro do que àqueloutro caberia. O invejoso, porém, percebendo, de pronto, a astúcia do avarento, que haveria de receber em dobro o seu quinhão, não pôde conter a inveja. Então, pediu a Febo que lhe despojasse de um olho, para que o seu companheiro tivesse ambos os olhos arrancados. Febo, vendo isto, ascendeu a Júpiter, e, sorrindo, contou-lhe que, na Terra, a perniciosa inveja reinava com tal vigor q

HEMORRAGIA - Narrativa Verídica - Paulo Soriano

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HEMORRAGIA   Meados do século XIX. Certa manhã, um médico foi chamado ao campo para visitar uma senhora que padecia, há alguns dias, de uma “nevralgia facial” — provavelmente, diríamos hoje, uma forte sinusite — muito dolorosa. O médico a examinou.   Aproximando-se da mulher, desferiu, na face da doente, junto ao nariz, um soco tão intenso que lhe causou uma intensa hemorragia. Sem nada falar, o médico abriu a porta, subiu à carruagem e partiu a galope. O marido correu, furioso, atrás do médico, alcançando-o em Limonges. Queria fazer com que o médico pagasse caro por tão vil atrevimento... — O que você quer de mim? — perguntou o doutor.   — Você não me chamou para curar a sua mulher? — Sim, mas... — Pois bem, agora ela está curada.   Volte para casa.   Se eu dissesse que daria uma pancada em sua mulher, certamente     ninguém — nem você e nem ela — teria consentido.   Já verá que tenho razão. Adeus! Tendo assim falado, fechou a portinhola e partiu. O marido voltou

O DESTINO DECIDE PELOS TÍMIDOS - Conto - O. Henry

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O DESTINO DECIDE PELOS TÍMIDOS O. Henry (1862 – 1919)   Certa feita, deparei-me com uma revista que valia dez centavos num banco de um parque da cidade. Ao menos, foi este o valor que o homem me pediu quando me sentei ao seu lado. Era uma velha revista, mofada e suja, que continha em si algumas histórias absurdas. Eu estava certo disto. E o homem — ou minha revista — acabou por se mostrar um álbum de recortes. Para testá-lo, disse com afetado desembaraço: — Sou jornalista e ando em busca de assunto para crônicas. Então, lembrei-me de entrevistar os... sem trabalho, que passam dias e noites nos bancos dos jardins públicos.  O maltrapilho sorriu, fitou-me com olhar irônico e atalhou: —Pois sim. O senhor não é repórter. Pensa que se vive, assim, olhando para quem passa, sem aprender alguma coisa? Polícia e jornalista são duas raças que eu conheço de longe. O senhor não tem o que fazer e está com vontade de conversar... Pois vamos em frente. Esperou um instante e, como eu h

A PAPISA JOANA - Narrativa Breve - Giovanni Boccaccio

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  A PAPISA JOANA Giovanni Boccaccio (1313 – 1375)   João, apesar do nome masculino, era, na verdade, uma mulher, cujo inaudito atrevimento a tornou inusitadamente conhecida de todos em seus dias e dos que vieram depois. Embora alguns digam que ela era de Mainz, mal se sabe qual era o seu próprio nome e, segundo alguns, chamava-se Giliberta. Sabe-se que ela foi amada por um jovem estudante em sua juventude, e ela tanto correspondeu a esse amor que, tendo vencido o medo virginal e o pudor feminino, fugiu da casa de seu pai em segredo e — mudando de nome e vestindo-se como um garoto — seguiu o namorado. Depois, estudando na Inglaterra, onde todos a tomavam por jovem clérigo, aplicou-se aos estudos de Vênus e da literatura. Tendo falecido o jovem, e sabendo-se possuidora de elevado intelecto e de inclinação pela ciência, manteve o hábito de religioso, e passou a evitar a companhia dos homens, escondendo de todos a sua condição de mulher. Aferrando-se diligentemente aos estu

UMA PANTOMIMA DE SUCESSO - Narrativa Breve - H. R. Tlyr

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UMA PANTOMIMA DE SUCESSO H. R. Tlyr (Séc. XX)   Sir Frederick Bridge, famoso organista da abadia de Westminster, estava na Rússia com seu amigo, o romancista James James L. Player. Acabavam de visitar Moscou e já estavam de partida para Leningrado, onde Sir Frederick deveria realizar alguns concertos. Seduzidos pelas maravilhas da arquitetura oriental da cidade, os amigos não perceberam que o tempo voara. Quando Mr. Player consultou o relógio, viu que só lhes restavam trinta minutos para chegarem à estação ferroviária. —Depressa, um carro! Encontrado um táxi, surgiu uma nova dificuldade: como explicar ao motorista que queriam chegar à estação?  Aquele homem russo, de pouca instrução, não sabia uma palavra de inglês e eles não falavam russo. —Imite uma locomotiva — propôs o romancista. — Enquanto você move os braços em círculos, como se impulsionasse a máquina, dirá: “Tchaca, tchaca, tchaca, tchaca...” Ao mesmo tempo, eu farei o gesto de puxar a corda de escapamento e