OGUSTO - Crônica - Paulo Soriano
OGUSTO (OU CRÔNICA DE UM NATAL COMUM) Paulo Soriano Para Henry Evaristo, in memoriam. – Moço, o senhor me paga um almoço pra mim? É comum que os pequenos, ao abordarem na rua as pessoas, estendam as mãos e peçam baixinho, teatralizando um olhar humilde e piedoso. Não foi assim com aquele garoto mulato, de belos olhos cor-de-avelã. Tinha um sorriso bonito no rosto e parecia especialmente feliz. – Como é o seu nome? – Ogusto. – Venha, Ogusto. O homem, que achou graça naquele menino raquítico, de alvos dentes e olhar esperto, caminhava em direção ao shopping . O menino tocou-o sutilmente no cotovelo quando se aproximavam de um dos portões de entrada: – Me dê a mão, moço, senão os segurança me barra. O homem obedeceu. Olhou para o menino, que sorria radiante, e sentiu uma ternura inocente — e um certo orgulho indefinido —, algo que o pai deveria sentir quando leva o filho para passear em um fim de semana ensolarado. – Qual é o seu time, Ogusto? – pergunt