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Mostrando postagens de fevereiro, 2024

O PROTETOR - Conto de Guy de Maupassant

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  O PROTETOR Guy de Maupassant (1850 – 1893) Tradução de autor desconhecido início do séc. XX   Nuca sonhara com tão grande fortuna. Filho de um meirinho da província, Jean Marin viera, como tantos outros, estudar o seu Direito no Bairro Latino. Nos diferentes botequins que sucessivamente frequentara, tornara-se o amigo de vários estudantes faladores que discutiam política bebendo chope.   Começou a admirá-los e segui-los obstinadamente, de café em café, pagando as contas quando tinha dinheiro. Fez-se depois advogado e pleiteou várias causas, sempre perdendo. Ora, numa manhã, leu nas folhas que um dos seus antigos companheiros do bairro fora eleito deputado. Foi de novo um cão fiel, o amigo que faz as encomendas e os recados; o amigo que se procura quando há alguma necessidade e com quem não há cerimônia. Mas, por simples aventura parlamentar, sucedeu que o deputado se tornou ministro; seis meses depois, Jean Marin era nomeado conselheiro do Estado.   *   Numa grand

O MÉDICO ENGANADO - Narrativa Verídica - Simon François Blocquel, dito Frinellan

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  O MÉDICO ENGANADO Simon François Blocquel, dito Frinellan (1780-1863) Tradução de Paulo Soriano   O médico Saint-André 1 combatia, em seus escritos, as superstições. No entanto, uma mulher 2 — mais esperta do que o doutor — conseguiu enganá-lo. Em 17 2 6, esta mulher lhe assegurou que havia dado à luz um filhote de coelho e, como sentia dores de parto — sinal seguro, segundo ela, de um novo e próximo nascimento —, implorou a Saint-André que a ajudasse a dar à luz. O nosso médico cedeu ao pedido e, para o seu espanto, fez nascer à mulher um coelhinho ainda vivo. A polícia, todavia, arrestou esta nova espécie de rebento e, depressa, tornou-se claro que a mulher havia troçado do público e, em particular, zombara de seu médico demasiado crédulo. Fonte:  Le triple vocabulaire infenal,  Paris, 1847. Notas: 1 Nathaniel St. André (c. 1698 - 1776), cirurgião-anatomista suíço do rei. 2 Mary Toft (1703 - 1763) de Godalming, Inglaterra.      

VIRGÍNIA - Conto Trágico - J. J. de S. S. Rio

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  VIRGÍNIA J. J. de S. S. Rio (Séc. XIX)   Maldito o seu furor, porque obstinado, e maldita a sua ira, porque inflexível. Gênesis   Prostrada ante uma imagem da Virgem, banhada em pranto o rosto, soltos os cabelos, e a mais viva aflição pintada no semblante, orava Virgínia, a inconsolável Virgínia, esperando a cada momento a infausta notícia da morte de seu amante, que nas trincheiras barateava a vida pela pátria, pelejava contra holandeses, defendendo a cidade de São Salvador. Em vão buscava a mãe tranquilizá-la; em vão; as palavras da velha não podiam levar a seu dilacerado coração a consoladora esperança, que perdida a tinha ela; mas, e ainda mal, mais e mais aumentavam-lhe a dor, mais e mais tornavam insuportáveis os seus sofrimentos. Ah! Que ela, moça e tão linda, tinha visto partir do Recôncavo da Bahia o seu querido Eugênio, na véspera desse dia em que lhe devia dar a mão de esposo, e firmar ante o altar os seus protestos de amores, em uma tarde do mês de maio.