SERÁ ARTE? — Artigo de Giovani C. Soares
SERÁ ARTE?
Por Giovani C. Soares
Frequentemente
somos expostos a variadas expressões “artísticas” e diante delas é inevitável a
comparação com as admiráveis obras de grandes poetas, pintores, compositores,
escultores de todos os tempos.
Sentimos,
então, que há algo faltando nessas manifestações culturais ou em nossa
percepção artística, que nos possibilite identificar a autenticidade dessas obras de arte.
Colocando à
parte a avaliação quanto ao valor da afirmada obra de arte – o que seria
necessário um outro ensaio sobre o tema – precisamos antes identificar o que é uma obra de arte. Essa a
finalidade deste ensaio, que visa apresentar um critério seguro para quem se
encontra naquela incerteza a que nos referimos.
Quem define
a Arte, apresentando seu sentido e alcance, é a Filosofia e não a própria Arte.
Ou seja, um filósofo da arte e não um artista, propriamente dito. Isto é assim
na Matemática, no Direito, na Antropologia, nas Ciências, em todas as áreas do
conhecimento humano.
Aqui está um
critério objetivo para avaliar se estamos diante de uma obra artística ou não.
Conforme a visão de um filósofo contemporâneo (André Comte-Sponville, in Dicionário Filosófico): Arte é o
“conjunto dos procedimentos e das obras que trazem a marca de uma
personalidade, de uma habilidade e de um talento particulares”. A necessária
presença desses três elementos caracterizaria, então, uma obra de arte. Assim,
acrescenta o Filósofo, se a presença dos elementos personalidade e talento é
fraca, estamos diante de um artesanato;
se esses elementos inexistem, trata-se de uma obra técnica e não de uma obra de arte.
Com esse
critério objetivo poderíamos concluir que um falsificador de quadros não é um
artista, pois lhe faltaria a pessoalidade na obra que reproduz; uma exposição
com fotos de ânus deixaria evidente a marca da personalidade do autor, mas
revelaria a absoluta ausência de talento e habilidade na mostra. Talento e
habilidade com fotografias (?), vide Sebastião Salgado.
Podemos,
agora, distinguir com segurança o que é Arte do que não é e, assim, evitar cair
na armadilha tão bem denunciada no famoso conto norueguês A Roupa Nova do Rei,
afirmando com sinceridade e coragem: “Isto não é Arte! ”
Giovani C Soares
19/10/2018
gsoaresg@gmail.com
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