OS TRÊS LADRÕES - Conto Breve de Liev Tolstói
OS TRÊS LADRÕES
Liev
Tolstói
(1828
– 1810)
Um
camponês ia ao mercado da cidade vender um burro e um cabrito.
O
burro ia-lhe servindo de montaria e levava o cabrito com um cabresto amarrado à
cauda da cavalgadura.
O
cabrito levava um chocalho.
Três
ladrões o avistaram. Um deles disse:
—Vou
roubar-lhe o cabrito sem que ele o perceba.
Disse
o segundo:
—Pois eu lhe roubarei o burro.
—Isso
é muito fácil —disse o terceiro. — Eu vou roubar-lhe a roupa, sem que ele
proteste.
O
primeiro gatuno chegou disfarçadamente perto do camponês, e, aproveitando um momento
em que ele estava distraído, desamarrou o cabresto, pregou o chocalho na cauda
do burro e levou o cabrito.
Em
uma volta do caminho, o camponês olhou para trás e, não vendo mais o cabrito,
começou a procurá-lo pela estrada.
Chegou
então o segundo ladrão e perguntou-lhe o que procurava.
O
camponês contou que lhe tinham roubado o cabrito.
—Eu o vi agora mesmo. Um homem levava o
cabrito para a floresta. Tu podes alcançá-lo.
O
camponês correu para o lugar indicado e confiou o burro ao segundo ladrão.
Este
tratou logo de se pôr a caminho.
Quando
o pobre homem voltou, sem o cabrito, encontrou-se também sem o burro, e rompeu
a chorar. Assim mesmo, seguiu a viagem.
Chegando
perto de um rio, viu um homem lamentando-se. Aproximou-se dele e perguntou-lhe
o que acontecera.
O
homem respondeu que levava um saco cheio de moedas de ouro; que se deitara na
beira do rio, pegara no sono e só acordara com o barulho do saco caindo n’água.
—E
porque não vais buscar ao fundo do rio?
—Tenho
medo da água, não sei nadar. Daria de boa vontade vinte moedas de ouro a quem
me tirasse o saco de lá.
O
camponês ficou todo contente, pensando que podia ganhar mais do que tinha
perdido com os dois furtos. Despiu-se e atirou-se à água. Procurou, procurou,
mas nada achou.
Quando
saiu da água, o homem e a roupa tinham desaparecido.
Tradução de autor desconhecido.
Fonte: “Pequeno Jornal”
(PE), edição de 6 de julho de 1909.
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