NO BOTEQUIM - Conto Humorísitco - Paulo Soriano
Paulo
Soriano
— O senhor
me conhece?
— Não.
— Então, por que está me olhando?
— Ora, porque tenho olhos, ué! Mas eu
queria...
— Então, por que não olha para outra coisa?
— Como assim?
— Por que logo eu? Por que fica assim me
olhando desse jeito? Por quê?
— Moça... Olha, eu...
— O senhor é tarado?
— Quem, eu?
— Sim, o senhor mesmo.
— Claro que não! Olha, você está...
— Tá me achando bonita, tá me achando feia, tá
me achando o quê?
— Ora, não estou achando nada... Moça, esse cop...
— Você é mesmo um descarado, não?
— Eu...
— Pois passe bem.
*
— Mas é cada uma...
— O quê?
— A moça... achou que eu estava olhando pra
ela.
— A que saiu?
— Sim.
— E não estava?
— Estava, sim... Mas, não com intenção.
— Intenção de quê?
— Ora, você sabe.
— Mas por que você estava olhando pra moça?
— Eu queria fazer uma boa ação.
— Você agora é escoteiro?
— Eu só queria avisá-la, mas ela foi muito
petulante.
— Avisá-la de quê?
— De que ela estava tomando no copo errado.
Ela trocou o copo dela pelo meu.
— Como é?
— Ela tomou o meu laxante, sabor laranja,
pensando que fosse refresco.
— Ih! Lá vem ela de novo, correndo pro
banheiro.
— Tomara que dê tempo.
— Ih! Não deu. Brindemos?
— Brindemos!
— Saúde!
— Saúde!
— Ei, cara, por que tá me olhando assim?...
Comentários
Postar um comentário