SALOMÃO E AZRAEL - Conto Breve de Rumi
SALOMÃO
E AZRAEL
Rumi
(1207
– 1273)
Tradução
indireta de Paulo Soriano
Um
homem apresentou-se muito cedo ao palácio do profeta Salomão. Tinha o rosto
pálido e os lábios exangues.
Salomão,
vendo-o assim, perguntou:
—
Por que estás em tal estado?
O
homem respondeu:
—
Azrael, o anjo da morte, me lançou um olhar impressionante, cheio de ódio. Manda
que o vento, eu te suplico, me transporte para a Índia, pondo a salvo o meu
corpo e a minha alma!
Salomão
mandou, pois, que o vento fizesse o que o homem lhe pedira.
No
dia seguinte, o profeta perguntou a Azrael:
—
Por que lançaste um olhar tão inquietante àquele homem, que é um fiel? Causaste
nele tão grande pavor que abandonou a sua pátria.
Azrael
respondeu:
—Ele interpretou mal o
meu olhar. Não o olhei com ódio, mas com assombro. Deus, de fato, me havia
ordenado a ceifar a sua vida na Índia e eu me perguntei: como poderia ele transportar-se para a Índia?
Imagem: Evelyn De Morgan (1855- 1919).
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