LAMENTO - Poema em Prosa - Charlotte Brontë


 

LAMENTO

Charlotte Brontë

(1816 – 1855)

Tradução de Paulo Soriano

 

Há muito tempo, desejei deixar a casa onde eu nasci e costumava sofrer. Minha casa parecia tão abandonada! Outrora, os seus cômodos silenciosos estavam repletos de medos assombrosos. Mas, agora, a sua memória cobre-se de ternas lágrimas.

Conheci a vida e o casamento, que, noutros tempos, eram tão fulgurantes. Mas, presentemente, vejo que se esvaiu cada raio de luz! No mar desconhecido da vida, eu não encontrei ilha abençoada. Mas, finalmente, por sobre as suas ondas selvagens, o meu barco volta para casa.

Adeus, profundidade sombria e ondulante! Adeus, estranhos litorais! Abri, em amplas nuvens, o vosso glorioso reino!

Malgrado eu tenha conseguido passar, em segurança, o ora cansado, ora tumultuoso rio, uma voz amada, ente ondas e rajadas, poderia chamar-me de volta.

Numa manhã resplandecente, vívida na alma, erguer-se-ia, sobre o meu Paraíso, William. Mesmo do repouso do Céu, eu voltaria, quanto chamada por ti.  Nem a tempestade, nem a vaga malferirão o meu espírito, senão o exultarão. Todo o meu Céu acolhia-se em seu peito.

Quem me dera tu fosses meu outra vez!

 

Nota do editor: “Vento Noturno” (The Night Wind) é uma narrativa escrita originariamente em versos. Na presente edição, a tradução tomou a forma de poema em prosa.



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